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Noivas oficializam união em casamento social: “Sonho realizado”

Jocimara Abreu e Silva, de 33 anos, e Jéssica Bandeira de Abreu, 27 anos, já moram juntas há 4 anos, mas somente nesta sexta-feira (28) realizarão o sonho de oficializar a união.

As noivas são um dos doze casais contemplados pelo 1º Casamento Comunitário LGBT de Cuiabá, organizado pelo Conselho Municipal de Atenção a Diversidade Sexual com uma série de parcerias.

Para Jocimara, que é enfermeira, a oportunidade de legitimar o casamento abre novas portas para o casal. Com a união, as duas pretendem ter um filho e registrá-lo com o nome das duas mães e isso, segundo elas, é uma grande conquista para a comunidade LGBT.

“A gente tem muitas coisas para realizar, assim como um casal heterossexual. Já que a gente tem direito, a gente vai fazer tudo dentro da lei. É um grande passo, uma conquista muito grande para a gente”, afirmou.

Segundo a enfermeira, essa é uma das formas que o casal tem de conseguir passar por cima do preconceito e representa um avanço da comunidade LGBT na luta pelos seus direitos.

“A gente está super empolgada e feliz por estar realizando esse sonho, que não é qualquer pessoa que consegue. A gente ainda tem muita coisa para levar adiante e ter novas conquistas. Querendo ou não, a sociedade é bem preconceituosa em relação a isso”, desabafou.

Ela ainda revelou que, desde quando as duas passaram a morar juntas, em 2015, havia o desejo de se casarem, mas a situação financeira não permitia. O casal chegou até a se inscrever em outro casamento coletivo, porém não foi aprovado.

“A gente vive de aluguel, então é um pouco mais complicado. Quando ela veio para cá, ficou quase um ano desempregada, só fazendo 'bicos'. Não tinha condição [de nos casarmos], só com um salário não teria como. Com o casamento comunitário, a gente teve possibilidade”, explicou a noiva.

Agora, as duas ganharam os vestidos, ternos e até cabelo e maquiagem, além da cerimônia. Os custos com cartório e o buffet também serão arcados pela organização do evento.

De acordo com o presidente do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual (CMADS), Valdomiro Arruda, a iniciativa do projeto foi pensada em garantir a cidadania, resgatar a dignidade humana e ressaltar o combate à intolerância e ao preconceito.

“Posso garantir que os casais terão uma cerimônia muito bem organizada, com todos os itens necessários para realização de um momento tão importante como esse. Toda a produção será por nossa conta, graças às parcerias que sempre contribuem para que pudéssemos realizar eventos de qualidade”, disse.

Preparação e nervosismo

Conforme a hora do casamento se aproxima, Jocimara fica cada vez mais nervosa e ansiosa para realizar o seu sonho.

“Parece que agora que está caindo a ficha. Hoje [quinta-feira] eu acordei bem emotiva, chorei bastante. A gente está feliz por estar dando um passo a mais na nossa vida”, disse.

O evento permite que os casais convidem até oito pessoas e isso foi uma dificuldade que as duas encontraram. Como a família é muito grande e o casal tem muitos amigos, as duas decidiram fazer a própria festa de casamento após a cerimônia.

“Depois que fizer o brinde e a foto oficial, a gente vai para a nossa festa. A gente está gastando com decoração, comida e bebidas, mas é só isso”, revelou Jocimara.

Amor à distância

Jéssica é carioca e jogadora profissional de futebol. Em um dos campeonatos que aconteceu em Cuiabá, em 2011, as duas se conheceram e, dois meses depois, já estavam namorando. O casal fez a ponte Cuiabá – Rio de Janeiro durante quatro anos.

As duas passaram por momentos de dificuldade. Jéssica estava desempregada e dificilmente conseguia viajar para a Capital mato-grossense. Já a namorada tentava ir sempre e passava cerca de uma semana no Rio de Janeiro.

“Era difícil, a gente tinha bastantes barreiras além da distância. Ela não trabalhava, então tinha a questão financeira para custear as viagens, lugar para ela se hospedar”, relembrou Jocimara.

Além disso, a família da enfermeira também não sabia que ela tinha um relacionamento lésbico com Jéssica. “Minha família não sabia, eu namorava escondida”, contou.

Em 2015, elas tomaram a decisão de morarem juntas em Cuiabá. Inicialmente, moraram na casa de amigos até conseguirem alugar uma quitinete. Hoje, após superar os obstáculos, o casal mora em uma casa no Bairro Nova Conquista.

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